LÂMINA
QUE ME RETALHA O CORAÇÃO
Peguei na caneta com tanta vontade de escrever,
E pensei... pensei e rabisquei, mas sem nada me ocorrer,
Algo que quisesse escrever com uma certa força de expressão...
E então parei de o fazer... ao ver que não conseguia transmitir,
Tudo aquilo que a minha alma, está neste momento a sentir,
E que parece uma afiada lâmina... que me retalha o coração.
Pois olho p’rós lados, e só vejo a injustiça a envolver-me,
Caminho pelas ruas... bem sombrias... e vejo gente a esconder-me,
A miséria encapotada, que na sociedade está dia a dia aparecer...
Vejo crianças bem tristes, sem mais vontade de brincar,
E outras abandonadas... sem um simples lar encontrar,
Só à espera de serem homens, e terem um lugar onde morrer.
Vejo mulheres abandonadas... com os filhos para criarem,
Que de tudo fazem na vida... para não os abandonarem,
E partirem dela felizes, pelos filhos-homens que vão cá deixar...
E tal sentir, leva-me a querer ver a vida não como um tormento,
Por isso, volto a escrever de novo, p’ra esquecer este lamento,
E deixar aqui o meu grito de revolta... nesta forma de poetizar.
(J. Carlos)
in Livro 1 \"O Outro Lado da Minha Alma\"