Todos tem os seus deuses, divinos ou terrenos,
e os altares de oração recebem o sol ou a sombra.
Invoca-se a razão a emoção, a reencarnação...
Salvem os filhos, fique por mim perdido de amores,
Que na minha campa desabrochem flores.
A noite assiste à maldade no púlpito da escuridão.
Quem prescinde da crença enfrenta a solidão
bafienta sem igreja, nem apoio que se veja
a comunhão dos vizinhos, sozinho,
isolado, como um dado mal rolado
caído fora do copo, abaixo da mesa.
Tocam os sinos da igreja alheia
Marcam as horas sem demoras
Catedrais que a fé terá levantado
Enquanto o tesoureiro parou na cadeia.
Criançada sempre acostumada
a desconhecer as regras.
Açoites no altar da razão.
E agora que não há pão resta a ilusão,
de joelhos assentes no sagrado chão,
olhos bem fechados rezam por um balão.
Farmacêuticas empobrecem os pais,
vendem pílulas para o deficit da atenção.
Orishas de boca aberta rezam pelos que cá estão,
cordas entrançadas de magia bem presente, noite e dia.