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Sem meio

Humor é barreira ao mal quando o é.

Humor protege de assumir o que se é.

Humor é chorar invertido, sem assumir.

Humor é dizer asneiras e aguardar rir.

 

Rir é crueldade dos ricos aos caídos

Rir é desprezo da elite aos despojados

Rir não é educação, cometida uma gaffe

Rir é o punhal envenenado dos malvados

 

Sorrir pode ser compreensão e incentivo

Sorrir pode reagir com a beleza matinal

Sorrir pode dizer talvez, eu fique contigo.

Sorrir pode ser a estética pura do facial.

 

Um dia fica nublado lá dentro, esqueçe

O humor, o riso e refletidamente,

Com um inclinado sorriso em si,

Seu rosto velho, cansado da guerra,

 

Vai ao jazigo de seu pai e avós

Despede-se com curtas frases reais,

Manda fechar a porta de vidro e ferro,

Sabendo que velas não vai acender.

Resvala do social e ergue a irracionalidade

 

Não pinta, não escreve filosofia,

Não toca Clair de Lune, Dvorak é um desconhecido

O código fonte está muito evoluído,

E as cebolas da quinta não lhe dão carinho.

 

Aprendeu a não dar guarida

E nem a mínima intimidade,

Perigosa arma revertida.

Perderam os românticos fins de tarde

E a culinária elaborada, que abandonou.

 

Tão grande o vazio de amor para encher!

Tanto o mundo e os cantos a perder.

 

Fica disto a trôpega cadência das linhas,

As considerações que não são suas,

Mas vossas que assim o fizeram,

No corredor penal o ajoelharam.

 

Os filhos farão e opinarão. Vão erguer

Os traços de nascença a um existir de poder.

Ajuda que não lê mais, por receio.

Quer desaparecer mas não tem meio.