Na brisa quente do manguezal
Os caranguejos sobem ciprestes.
Há lama vital, espessa burbulhante,
Cama de putrefacção, ondulante.
Estrelas no céu a refletirem na água
A cadência suave do remo, hipnótica.
O ondular do barco calmante
O momento do mangue eterno.
O abraço da natureza, terno.
Braços esguios definidos,
As mãos de dedos compridos,
Em frente com a latente firmeza
A natureza é múltipla
Bem funcional, cruel.
O homem é como a mosca
Fica sempre agarrado ao mel.
Na lenta brisa do mangue
De mãos atadas à cabeça,
Abandonado aos elementos,
A vida já não lhe pertence.
A amada deixou isolado,
Quem afinal nunca havia amado.