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Passa

 

Ela que passa

 

 O intersetar intercecinar dos micromundos pela audácia do gesto.

 

O movimento da mão que corta o ar e sentinela,

 

O afastar da atenção com a emoção de saber

 

Que a esbelta, potente, mulher está grávida,

 

Prenha, prenha de sentimentos que nunca conhecerei

 

Por mais emprestados que os tenha tido, lágrima

 

Queque me escorre pela barba branca, mulher, me enamorei

 

Por quem não merecesse o marido que a desmereceu,

 

Pelopelo que a união dos merecidos amantes, expressa em beijos

 

Ee suspiros desiguais, e apertos de felicidade que se teme

 

Tudo debaixo do Plátano, na outra margem, 

 

Nunca a alcancei.

 

Podes ter errado em cinco lindos filhos, e acertar no virar

 

Daquela esquina cujo prumo era distraidamente fora de curso.

 

Ou tenha eu sido tão feliz que a normal diaridade das luzes,

 

E da falta delas, o bater dos calcanhares que tu, mulher bela,

 

Mulher que passas, trazes de entrevistos beijos e abraços suspeitados,

 

Ancas ondulantemente próximas, costas esculturais, quando viras

 

O queixo que leva o resto da face que já amo, eu, sem fôlego,

 

Penso e penso, sinto-te e sinto, desconheço quem és, sómas não me deixes agora.

 

Não abandones quem te merece , te deseja, te respeita, quem não te conhece

 

Senão onde estaremos, nós que nos perdemos?

Versão gorada de probabilidade.

 

 

Não posso aceitar isso!

Já somos!

E és o meu horizonte infindo,

Para lá de ti as águas escorrem do mundo,

Os monstros marinhos não atacam as caravelas

 

Calaram-se as canções de amor

E as crianças não o reconhecem.

Precisamos de ti que passas

Como o hidrogénio do oxigénio,

Cada um o mútuo recíproco,

Passa neste instante em que tudo acontece.