aderson cavalcanti

RESSURREIÇÃO

RESSURREIÇÃO

Finalmente te esqueci...
Já não me lembro de teus beijos
Que me transportavam ao espaço
Infinito da loucura.
Deixando-me a navegar pelas ondas do desejo,
Sem ao porto da sensatez chegar.

Já não me lembro dos abraços
Que uniam nossos corpos,
Transformando o arfar
Descompensado de nosso peito,
Numa freqüência rítmica
De uma bela sinfonia de amor.

Já não me lembro das angústias
Que me apertavam o peito e estrangulavam na garganta
Meu grito de desespero
Pelas despedidas dos encontros e desencontros
Na estrada íngreme do adeus.

Já não me lembro de tua voz
Que me embalava o sono
Fazendo-me viajar pelos longínquos
Recantos do universo da ilusão.

Já não me lembro se sou o Lázaro
Que ressuscita para uma nova vida,
Ou se sou um morto-vivo,
Que tenta esconder-se através
Da lápide fria da ironia.

Já não lembro a razão
De esquecer-te,
Talvez por que:
Amar-te é sofrer...
Sofrer é amar-te...