A roupa e o couro
Carcaças penduradas lá no terreiro
Balançam ao sabor dos ventos passageiros
Formas distorcidas assombram o chão em pingos
Trapos que já tão frágeis perderam as cores
Desgastados pelo tempo parece minha pele
Foram elas que amassadas com teus carinhos
Sujeitaram-se ao abandono no espelho do ninho
Foram elas que vestiram todos os dias
Suadas, congeladas, sujas e lavadas
Sempre as mesmas sugando o suor dos sentimentos
Do canto da janela espero o entardecer
O vento agora impaciente arremessa aos ares
Faz dos trapos bandeiras cheias de ar
Como sendo eu que vôo em liberdade
Espalhando o cheiro surrado do passado
Quem tem nas vestimentas sua identidade
Veste-as como sendo sua própria imagem
Todos dizem: “Lá vem ele, eu conheço de longe!”
Jamaveira®
Imagem: Do Google