carminhanieves

QUE SOU EU?

                          

 

 

Queria poder colher com as minhas mãos, os sonhos e torna-los realidade.

Voar até ao infinito brincar com o sol poente, embrulhar-me numa nuvem branca e pairar entre o azul do céu e o mar. Muitas coisas mais inquietam a minha alma, mas sou um farrapo sem peso, nem cor, que esvoaça ao vento, umas vezes rente ao chão, pisado de vez em quando, por distracção de alguém.

Peregrinos sem destino, sem caminho, perdidos num mar de pranto, erram por lugar nenhum. Não o sabem, não o sentem, só muito tarde dão conta que foram usados, que se alegraram com momentos de falsa felicidade.

Desconfiar de “amigas” que telefonam assiduamente, alguma coisa querem para seu proveito. Vender alguma coisa, pedir um favor, depois de terem o que queriam, não voltam a entrar em contacto.

Tudo no fundo é por eles, abençoados somente os que por razões que não entendo, nunca sentiram que nada significaram, que tanto faz serem ricos ou pobres. São sempre queridos e amados.

O que sobra do prato da comida que quando nasci Deus me deu, umas migalhas restam, penso que foi o que sempre tive e pensei que estava cheio de iguarias.

Com pouco me contentei, com um nada vivi, senti-me princesa, sem castelo, tive muito carinho, sem o ter. Hoje sei que me usaram, inocência a mais é estupidez, mas pelo menos tinha um caminho, um destino muito diferente do que hoje é.

Talvez em algum momento a felicidade do meu futuro tenha passado por mim, não discerni nem vi. Ele passou e nunca mais voltou.

Vazio imenso, na penumbra do entardecer, choro e lamento, mas ninguém vê.

Não quero, não devo mostrar como estou. Ninguém precisa de saber, quero que pensem e sintam inveja da minha alegria e boa disposição tirada a ferros sabe Deus como e ser sempre aquela que pensaram que eu era. Quem por mim vela e me aconchega, não pode sentir como vivo, não tenho esse direito.

Dar felicidade a quem devo, é ainda o que posso fazer. Assim recordar-me-ão como eu desejo. A sempre jovem e alegre Carminha, que animou a toda a gente.

Com pouco, seria feliz. Talvez ainda o possa ser. Talvez encontre um caminho onde possa andar com passo seguro, sem ser usada.

 

Porto,7 de Setembro de 2014

Carminha Nieves