carminha nieves

A MULHER ADORMECIDA

                                          

 

Deslizam mãos suaves na pele aveludada da mulher adormecida, deitada em nuvem branca no céu que não existe.

Suspira com deleite, abandonada e dormida, no vento que a embala.

Mãos suaves e meigas feitas de flocos de neve na montanha do sonhar, pelo corpo da mulher adormecida, na nuvem pousada na brancura da ternura.

Mãos sem corpo, corpo sem mulher, deslizam sentindo ao aveludado da pele de ninguém.

Para além do infinito, onde nada há, umas mãos meigas e suaves acariciam a pele da mulher adormecida.

Muito longe o murmúrio de uma fonte. Ouve-se deslizar a sua água pela terra Mãe. No céu as luzes acesas das estrelas, iluminam o baile de ninfas e fadas, com cuidado para não acordarem a mulher adormecida.

No silêncio fascinante do etéreo, onde a vida não termina, somente fantasia eterna, a mulher adormecida é feliz.

Ela foi e será a artesã que continua a dar mundo ao mundo, mas que não quer acordar e ver o destroço em que se tornou.

No seu limbo dourado pelos raios do sol, do brilho das estrelas, na brancura da neve embalada pelo vento deitada na nuvem branca, ela é feliz ao sentir as mãos suaves a acariciar a sua pele aveludada e não quer despertar.

Porto, 6 de Março e 2015

Carminha Nieves