Nunca tenhas grandes ilusões. Depressa desaparecem, fica só a lembrança e a tristeza de termos sido levianamente donas do que queríamos.
Pés assentes com firmeza no chão irregular da vida, com muita atenção, caminhar em frente, mas somente na certeza que não podes alisar o chão.
Nada termina, tudo se perpetua no pensamento. Castigamo-nos com palavras ditas em silêncio, arrependemo-nos por termos pensado que tudo no futuro iria ser o paraíso.
O ar que respiramos corrói, dias atrás de dia, os defeitos que fingíamos não ver, suplantam qualquer sentimento por muito forte que tivessem sido.
Sempre assim foi e assim será. Entristece-me ouvir projectos para o futuro, a alegria e entusiasmo porque se vão casar. Quantos anos irão durar? Três, quatro, um pouco mais? Ser libre, ser dono de si, é o que importa. Pode-se amar com intensidade, sonhar sem limites, mas sem correntes, que nos prendem a outra pessoa.
Quanto mais nos sacrificamos inconscientemente, em nome da sensatez e aceitação pela sociedade, ou família, menos teremos no final.
Saber estar na vida, no nosso lugar, termos o que precisamos para fazer de conta que somos felizes importa muito. Intercaladas lagrimas e sorrisos, vivemos como queremos, ou podemos, mas nunca por obrigação.
O entorno que nos rodeia, muda, com muita rapidez, morrem sentidos das palavras, como lealdade, honestidade, verdade, respeito e muitas mais.
Neste momento sou criticada, afastada, por “amigas”. As mesmas que me encorajaram a viver a minha vida, deram força para lutar, por mim.
Fazendo de conta que não sei, como judas beijo-as, sorrio e sinto pena da pobreza em que se escondem para não assumir que é inveja, falta de coragem para fazer o mesmo que eu.
Muita broa dura teria que comer para me enganar. Se soubessem o poder que tenho para discernir o verdadeiro do falso, em vez de virem ter comigo simplesmente afastavam-se. Ficavam melhor na fotografia…
Cá ando como caçador, na floresta virgem e selvagem, em busca da sabedoria complicada de entender o ser humano.
A mim não me entendem. Óptimo. Não penso esclarecer ninguém. Se me conheço e sei como sou e o que sou basta-me.
Com orgulho, com vaidade, aceito a ignorância dos outros. Se Deus me brindou com inteligência e acuidade para ver além do que é visível, agradeço.
Não adivinho o futuro, nem sei o meu, mas gasto muitas horas a estudar o comportamento humano e os sentimentos que fazem parte inseparável de cada um.
Anos, levei para escrever e consegui publicá-lo. A muitos ofereci-o, de certeza que muito poucos o leram. Nem por um segundo se deram ao trabalho, pena, talvez tivessem aprendido alguma coisa.
Não sonhem por favor que me enganam. Sei como é. Sei como pensam. Sei como fingem. Mas não estou zangada, nem pensar, até aceito que não sou nada para muitos.
Felizmente não sou como um cangalheiro, de luto vestida, mas a pensar no lucro de quem vai a enterrar.
Quero todos vivos, com saúde e um pouco felizes ou muito. Cada um precisa de alguma coisa, que a encontre.
Neste dia com sol e calor, sou um pouco feliz.
Porto,27 de Maio de 2015
Carminha Nieves