carminha nieves

VIVER, É DEIXAR A VIDA ENTRAR EM NÓS E ACEITÁ-LA

  Envelhece o corpo. Mas a Alma não.  Ela ama, chora, sente emoções, deseja amar, sentir, correr por campos e montes. Andar firme e altivo. Refletir a beleza da juventude corporal. Eu vou conseguindo, nem sei como. Tentando alimentar a aura de luz que envolve este corpo ainda esbelto, ainda captando olhares de admiração. Toda a gente me acha bonita, elegante e vejo admiração nos olhares. É bom, mas triste, uma angustia doce e acre, uma impotência por não diminuir a idade. Mas na surpresa que é a vida, tenho um amor, amigo e companheiro, que que me aconchega nos abraços apertados, nos beijos em que existe paixão. Sei que na minha pele branca, aveludada estão já marcas de muitos anos sofridos. Mas por milagre irradia juventude. É bom, é a eternidade no tempo limitado do meu ser.

Tenho consciência que sou diferente, que tenho agilidade e vontade de viver como se fosse ainda o que já fui.

Estranha forma de ser a minha. É como se DEUS me quisesse compensar de tanta dor e sofrimento que passei quando deveria ter vivido em pleno e feliz sem dor física e moral.

Renova o meu corpo, talvez para acompanhar a alma. Será?  Em verdade não sei.  A agilidade é imensa. É como se fonte fosse e na Primavera brotasse para um grande rio ser.

Sem vaidade, sem ilusão, mas consciente admito que sou uma privilegiada.

Sem preguiça trabalho tanto como sempre fiz

Notívaga, adoro a noite, o meu perfume, jantares com musica, luz velada, mas também correr pela praia cedo, antes das enchentes, entrar no mar e andar com a agua pela cintura, a olhar o horizonte, as gaivotas que andam com as suas patinhas a desenhar na areia figuras abstratas.

No fundo tudo amo, mesmo momentos tristes, tudo é vida tudo é bom se o posso viver.

 

Terminei um livro, que termina com estas frases.

 

 

Estes tempos que vivi, enquanto procurei resposta ao que e quem sou, desde o mais intimo até ao infinito, onde as almas dizem que vivem eternamente, não encontrei resposta. Nem as vi. Mistérios insondáveis, de outra dimensão, fora do alcance de sábios e eruditas, mas o único que sei, porque o sinto, é que algo vive e nos faz viver dentro de nós. Não estamos sós.

Voltarei e retomarei exatamente onde termino de contar um pouco de mim e do que vivi. Se Deus me der um pouco mais de tempo para o fazer.

Porto, 13 de Setembro de 2016

Carminha Nieves