Como se sentisse passos dentro do nevoeiro, que roça as janelas, imagino os meus seres queridos passeando entre ele.
Como se presentes vejo a cor dos olhos os abraços, a ternura feita afago.
Em cada nota das melodias que incansáveis que saem das colunas, turbilhão de sentimentos vivo. Estou só, mas acompanhada por tudo quanto foi passado, mas que é presente. Afago sem mãos outras que não tenho. Abraço sem os ter e sinto-me abraçada.
Como em sonhos acordada amo, espero o reviver de tudo quanto me fez feliz.
Tudo acaba, mas tudo fica. Semente que germina sem ser semeada, num espaço que não existe. Voo sem asas, num céu que não alcanço, afundo o corpo em lagos secos, em que sinto a frescura da agua límpida.
Reflexos dourados de sol que há muito se fez noite.
Neve que brilha, no deserto de não esperar quase nada de cada novo dia.
Faz de conta que tudo é verdade sendo só fantasia.
Sermos algo ou alguém que é precisa e desejada, mas que ninguém vê.
Vai-se vivendo da fantasia e temos felicidade onde só com magia acontece algo verdadeiro e sentido que trespassa o sonho e é realidade.
De longe muito longe sem saber bem onde algo virá. Um ocaso, um amanhecer, ou a doçura de um beijo leve, um abraço meigo. Um reviver e saltar por prados verdejantes onde pequeninas flores dançando com a brisa nos dê os bons dias.
Nevoeiro tonto e opaco, que transformas o pensamento em palavras sem sentido. Que trazes tu dentro que tanto me apoquentas os sentidos e me fazes sentir um grão de areia arrastado pelo vento!
De novo o sol brilhará, ou a chuva limpará esta tristeza que dói, mas ao mesmo tempo me faz falar com a minha alma, que tanto esqueço.
Neste corpo massacrado de trabalho e maltratado, revejo-me com esplendor em tempos passados. Mas que com força agarro e faço de conta que hoje é o antes e que sou tudo quanto quero.
Obrigada a quem por momentos me estima, faz companhia e levanta o moral e dá forças para continuar a que me chamem Carminho com carinho. Pessoas que se cruzam na minha vida e que com um sorriso sincero acariciam os meus sentidos.
Porto,12 de Janeiro de 2017.
Carminha Nieves