CLAUDIO S. SAMPAIO

Novembro

Eu entro pelos pórticos de novembro  

Trazendo a alma triste e esmorecida.  

Pois dos sonhos que cantei e já não lembro  

A ausência levarei por toda a vida.

   

Eu entro pelos pórticos de novembro  

Como se andasse por estreita avenida.  

Sonhando ouvir os sinos de um dezembro  

Repicando desde a infância adormecida.    

 

Em dezembro, sim, cantarei e farei festas  

Mas em novembro, ficarei só repensando  

Se dos sonhos que sonhei, algum me resta.    

 

Porém se eu perceber que em vida fui passando  

Que eu possa em noite branda de seresta  

Saber que me valeu viver te amando.