Eu entro pelos pórticos de novembro
Trazendo a alma triste e esmorecida.
Pois dos sonhos que cantei e já não lembro
A ausência levarei por toda a vida.
Eu entro pelos pórticos de novembro
Como se andasse por estreita avenida.
Sonhando ouvir os sinos de um dezembro
Repicando desde a infância adormecida.
Em dezembro, sim, cantarei e farei festas
Mas em novembro, ficarei só repensando
Se dos sonhos que sonhei, algum me resta.
Porém se eu perceber que em vida fui passando
Que eu possa em noite branda de seresta
Saber que me valeu viver te amando.