CLAUDIO S. SAMPAIO

Líbano

A Lua se aproxima da Terra

para olhar de perto

o seu reflexo no lago. Sua luz

roça de leve a face dos lírios

que de súbito desabrocham

revelando oculta plumagem.  

 

Além dos cincerros calados

Jornais falam de crises No ar,

certo rumor de guerras

profetas pregam o Apocalipse.  

 

Meu coração, porém

prefere paisagens mais simples

como a amplidão silenciosa das planícies de Sarom

ou a paz de um cais noturno

cantado por Gilbran.  

 

Olho a Lua plantada

no centro da treva.  

 

Há um momento

em que ela toda se agiganta

e o seu brilho arde na noite

feito a febre cortante de um clamor.  

 

Momento em que o mar

arremessa suas ondas rumorosas

e a alcateia ensandecida celebra com uivos

o seu instante de glória.