CLAUDIO S. SAMPAIO

Domingo

Galo que dormiu sobre o poleiro

Da noite e deu seu canto à madrugada.

E que ciscou, à sombra dos salgueiros

A gleba de uma véspera iluminada.

 

Galo com semblante de guerreiro

Que brandiu o esporão (a sua espada)

E que saudou a aurora, no celeiro

Do outono que passou em debandada.

 

Galo que pousou sobre a cancela

E como pastor à frente de um rebanho

Apascentou o sol e a brisa dos verões.

 

É o galo que servido em uma tigela

Traz um gosto de silêncio tão estranho

Entre rodelas de tomate e pimentões.