Galo que dormiu sobre o poleiro
Da noite e deu seu canto à madrugada.
E que ciscou, à sombra dos salgueiros
A gleba de uma véspera iluminada.
Galo com semblante de guerreiro
Que brandiu o esporão (a sua espada)
E que saudou a aurora, no celeiro
Do outono que passou em debandada.
Galo que pousou sobre a cancela
E como pastor à frente de um rebanho
Apascentou o sol e a brisa dos verões.
É o galo que servido em uma tigela
Traz um gosto de silêncio tão estranho
Entre rodelas de tomate e pimentões.