ESTRADA DA VIDA
Olho a estrada toda bordejada,
De jasmim e camélias e rosas também,
Toda ela bem longa sem fim e sem nada,
Onde não se vê viva alma, nem bicho, ninguém.
Lá longe só se houve as ovelhas balindo,
E o ladrar dos cães nas quintas vazias,
E o meu rosto, sem querer, fica sorrindo,
Lembrando as noites tristes, longas e frias,
Mas dentro de mim ainda sentindo,
As doces caricias do vento que vinha,
Trazendo as poesias que estava ouvindo,
Vindas lá do monte que poeta não tinha.
Então olho a montanha de verde vestida,
Salpicada de estevas que o vento plantou,
Que de longe parecia que bem cedo acordou,
Feliz com as flores que a tornavam florida,
Trazidas pelo vento dos caminhos da vida.
E a brisa soprando, o rosto acariciou,
Deixando o doce cheiro que o nariz inalou,
Fazendo esquecer o que do passado,
Nas pedras do caminho lá ficou agarrado,
Pois nada do que era, no tempo, por cá ficou.
(J. Carlos – Abril 2014)