carminha nieves

SENTIR SEM SENTIDO

SENTIR SEM SENTIDO

 

 

No computador, novo, as minhas músicas antigas de tempos passados, enchem de acordes a casa. Como que por magia, retrocedo, vou para outra casa e mais outra onde vivi. E recordo sensações, desejos, certezas, incertezas, sofrimento, alegrias, emaranhado de sentimentos e renovo a ânsia de me sentir feliz, mesmo enganada.

 Quase sinto as lágrimas que derramei, o corre-corre para ir. Onde? Nem sei como explicar. Ter com alguém?  Abraçar e sentir um qualquer abraço?

Ou simplesmente sentar-me muito pertinho do mar manso na praia que tanta saudade me traz.

Talvez seja somente saudade do que tive ou pensei ter. Talvez os desejos do que nunca tive e como sonâmbula vivi.

Em cada música sensações diferentes, pessoas que nunca mais verei. Vazio imenso, só vazio.

Mas na distância sempre existe esperança. Negação de que já tudo acabou. Menina e moça. Mulher e Mãe, pensando ser amada, aconchegada com manto de conforto, que afinal nunca tive.

No caminhar incessante do tempo, caminho junto, umas vezes ligeira e leve, outras pesadas devagar sem vontade de ir em frente.

E continuo a ouvir as músicas e continuo a reviver e engano-me a mim mesma ao voltar atrás e ser o que já fui. Dentro do tempo real há o tempo que passou e que ainda vivo como se nunca tivesse passado.

Lembrança de uns olhos doces, de vozes meigas, de caricias ternurentas sem maldade.

Amálgama de sentires, de sensações, desesperos, de incapacidade para conseguir tornar realidade tantos e tantos sonhos que desejei e bem lá no fundo ainda desejo.

E continuo a ouvir as minhas velhinhas músicas, espraio o olhar no horizonte e recolho-me numa qualquer nuvem e divago. Limpo o meu interior, vivendo estes momentos que no fundo sou eu e a minha vida.

Na mentira de muitos, existo. Na verdade, de alguns também, mas a seu tempo. tempo virá em que tudo se transforma e se clarifica.

Aguardo serena e ouvindo a minha música abstraio-me de tanta mesquinhez e maldade, mesmo do desrespeito grosseiro para com os Pais. Cada um semeia o que quer e colhe o que merece.

Numa nuvem qualquer me recolho e divago. Sentindo o meu interior limpo vivendo estes momentos e sabendo que sou eu e a minha vida,

Porto,13 de agosto de 2018

Carmnha Nieves