na metafísica do sonho eu era
a utopia infantil
que marginava a minha primavera
duma fase pueril.
o tempo era a metáfora dos nadas
na existência sem lei.
criança galopava nas quebradas
e do mundo era um rei.
era feliz com porcos e galinhas
pastor no meu quintal.
reinava em terras que não eram minhas
mas isso era-me igual.
a minha metafísica afinal
foi ser uma criança
que ignorava o pecado original
e vivia em folgança.
não era diferente doutros putos
mas tal nem me ocorria.
queria dar na bola uns belos chutos
e sonhar dia a dia.
se voltasse outra vez a ser menino
tornaria a ser eu
viveria num mundo em desatino
num mundo que é só meu.
batista_oliveira (12/05/2022)