Tudo acaba. Devagar, sem pensarmos, ficamos sem coisas, que julgávamos ser parte da nossa vida.
Já há muito tempo, fui dando conta que não temos nada, a não ser nos próprios.
O que nos rodeia, rompe-se, perde a cor brilho, como se uma traça gigante e invisível desfizesse tudo.
Repomos outras novas em seu lugar, mas não são iguais. O que acabou, acabou e nunca voltaram.
Só somos nós, que também acabamos, por ser uma lembrança para alguns bons, para outros indiferente e indigesta para muitos.
Somos como o dia da Mãe, do Pai, da mulher, de tudo, somente um dia e nada mais.
Somos a paisagem que desaparece quando nos afastamos, somos o vento que passa, o poema que se esqueceu, algo que fez falta, a mão que segurou alguém para não cair. Somos o ventre que gerou, mas nunca temos direitos, somos o trapo velho que deixamos cair no pátio do vizinho de baixo e que vai para o lixo.
A ilusão também acaba, quando damos uma revisão ao deve e haver do que fizemos. È sempre prejuízo.
Nunca somos pagos, dívidas eternas que nos prejudicam. Somos o que precisam, mas nunca o que precisamos.
Somos o dar, sem receber. Não devia ser assim, mas não sabemos enquanto não precisamos que por justiça recebamos o que nos é devido.
Melhor seria não pensar, ser indiferente, oca, fria e egoísta.
Pisar firme e calcar tudo e todos. Passar sem ver pela miséria dos outros, sofrimento, carências, só andar de cabeça erguida sem olhar. Sermos reis, poderosos, na mesquinhez da frieza do nosso ego.
Somente existe, a paga, que o destino nos dá. Mais tarde ou mais cedo, pagamos com juros muito altos o mal que fazemos.
Não me lembro de ninguém que me tenha prejudicado que não tenha dado contas e que contas pelo que me fizeram.
Não sinto alegria, mas a cada um o que merece.
A vida somos nós, ela acaba e junto acabamos também. Passagem efémera, se tivéssemos presente sempre o insignificante que somos, outra maneira de viver teríamos.
Por muito larga que seja a estrada, se andamos em contra mão, esbarramos com alguém.
Podemos não morrer, mas iguais não ficamos. No nosso corpo ficam marcas para sempre e o remorso também e este é terrível.
Nascer é igual para todos, mas não somos iguais. Alguns já trazem o sofrimento de não poderem andar, com doenças tremendas, outros perfeitos fisicamente trazem a alma doente.
O princípio pode ser bom, o fim tremendo. Ou o contrário. Reflectir, faz bem. Muito se evitava se nos cingíssemos à insignificância do que somos
O orgulho é bom quando o temos por sermos rectos humanos e humildes.
O prazer também, se vem do sentido do dever cumprido. Com honestidade e humildade sejamos simplesmente iguais a todos, com defeitos e virtudes. Um tremor de terra pode arrasar centenas de casas por pequeno que seja, se não tiverem bons alicerces. Um grande pode não arrasar nada se a base for solida.
Está em nossas mãos alicerçarmos, as bases das nossas vidas, nunca nos esqueçamos, que por muita beleza, riqueza, poder, o nosso interior pode estar deteriorado e somos derrubados por um sopro de má sorte.
Tentemos ser a fortaleza onde se podem refugiar os mais carentes seja qual for as suas carências.
Porto, 3 de Julho de 2014
Carminha Nieves
- Autor: secreet50 (Seudónimo) ( Offline)
- Publicado: 3 de julio de 2014 a las 07:15
- Categoría: Reflexión
- Lecturas: 24
Comentarios1
Con tanta pesadumbre, mujer,
esta nuestra vida has relatado,
que algo pensativo me has dejado
ante la buena imagen que ver.
Siendo así, ¿cómo puedo entender
que en el jardín esa hermosa flor
pueda mal decir de su color?
De esta vida nada te asombre:
Nacer de la costilla del hombre
disfruta la vida con su amor.
Poemas de Camilo
Gracias por tu poema. No los se hacer, por eso te admiro e eternamente.
Un abrazo,
Carminha Nieves
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