UM SOPRO NA SOLIDÃO
Estendo os braços e não vens abraçar-me. Nem os teus olhos que sabiam o que ia no meu coração vejo. Foi muito difícil e triste ficar sem ti. Infelizmente compreendi muito tarde. Mas continuo a amar-te como se cá estivesses.
Em ti revejo muitos que me deixaram. Um vazio imenso, um silêncio em choro manso, no que deixo de ter. É triste partir, ficar também
Mas enquanto cá ando vivo e penso em Vocês. Neste turbilhão frenético de mudanças, um pouco desorientada, tento adaptar-me, mas não vos tenho cá para me apoiar.
Tudo mudou, sentimentos, saber amar só por amar, saber ajudar sem alardes, mas com alegria. Aceitar os nossos defeitos e os dos outros. Respeitar o pequeno mundo que todos temos cá dentro.
O arco-íris que é a vida, no seu todo e que muitos não veem, é o princípio do saber conviver. Sem comparar o que se tem de bom ou mau, sem invejar, sem acusar, ou comentar à nossa maneira muitas vezes agreste.
A felicidade não existe, é um estado de graça que nos inunda em que nos sentimos bem. E que vai e vem. Pudesse eu contar abertamente episódios que vivi. Assim seria fácil entenderem o que digo. Mas não o devo fazer e muito menos agora, que o ser humano mudou tanto nos valores essenciais em que nos apoiamos para sermos o que pensamos ser no ego imenso da vaidade que somos mais do que os outros.
Por isso digo a felicidade não existe é um estado de alma. braços e não vens abraçar-me. Nem os teus olhos que sabiam o que ia no meu coração vejo. Em ti revejo muitos mais, de outros tempos onde sabíamos viver.
Por vezes dou comigo a pensar que tudo foi ilusão que de tanto procurar e de tanto querer, fiz dos meus sonhos realidade.
Tudo ou quase tudo foi relâmpago em noite escura, foi estrela sem vida ainda reluzente, no infinito. Cansaço de fazer de conta que tudo é verdade. Quimeras perdidas do pensamento e desejo de ter felicidade
Desgaste que o tempo faz. Hoje vazia de sonhos, no silêncio da solidão, sou eu e simplesmente eu e o meu mundo de fantasia que me fez sorrir e eram simplesmente lágrimas retidas no enorme desejo de ter o que não podia
Como borboleta rodopiei na luz de lâmpadas que imaginava, hoje apagadas, só me resta num canto qualquer ficar parada e ter um pouco de sol. E quando a noite chegar a encolher-me e aceitar que na realidade sempre estive só. Mesmo abraçada ou afagada por caricias, sempre só estou.
A paisagem verde da minha primavera da vida, tornou-se fria e despida, acastanhada, pejada de folhas desfeitas pela chuva e ventos agrestes. Ruido dorido ao pisá-las, como grito de agonia.
E nesta penumbra, vou indo, rumo ao nada do nada que recebi, de tanto ter ansiado, de ser um pouco feliz.
E assim, tentando decifrar o mistério da vida para entender como passou o meu tempo, quase fiquei sem tempo para viver.
Sou o pássaro que pela noite fora canta, sou o ruido que é silêncio, sou a estrela cadente, sou página de um livro esquecido, mas nem vento sou pois sou silêncio.
Porto, 20 de maio de 2019
Carminha Nieves
- Autor: secreet50 (Seudónimo) ( Offline)
- Publicado: 20 de mayo de 2019 a las 14:10
- Categoría: Reflexión
- Lecturas: 12
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