(intertexto com Herberto Helder)
Esta noite acordei no fundo de um abismo
e cheguei a pensar cobardemente, para fugir
das armadilhas que me armam os sonhos:
quero morrer enquanto sonho ― depois,
que se tornem todos os meus sonhos inúteis.
enquanto isso não acontece que todas as manhãs
sejam como um ciclo de água mansa onde bóio
meio desperto e meio a dormir ainda.
sinto-me bem neste torpor, neste nunca ter pressa
de acordar do sonho. mal acordo, como o poeta
«vou correndo ver se o sonho bate certo».
se um dia deixar de sonhar digo como ele:
― quero morrer de seguida. sonho assim
como os mortais. obscura glória a de sonhar!
tudo no sonho está onde não está.
todos os sonhos são incorpóreos, estagnados,
sem movimento. dentro do sonhador
há sempre dois mundos que se interpenetram
numa mistura de sonhos em luta constante
e se completam dando ao seu sonho sentido.
(desta gaveta de sombras)
- Autor: Alvaro Giesta (Seudónimo) ( Offline)
- Publicado: 9 de noviembre de 2020 a las 11:52
- Categoría: Sin clasificar
- Lecturas: 30
- Usuarios favoritos de este poema: Vogelfrei, Eli R
Comentarios1
Se pudesse me tornar outro ser um dia, eu seria um passarinho. Nos meus sonhos sempre estou voando e a sensação é a melhor do mundo.
Um abraço poeta.
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