A mãe é o fogo da comunhão da casa

alvarogiesta

A mãe é o fogo da comunhão da casa[i]

 

A mãe, ungida, substancialmente pura,

elixir necessário à invenção da noite clara, ergue-se

devagar como um farol a indicar o caminho ao filho

― como se fosse ao navegante perdido ―

que trilha as tortuosas asperezas da vida.

Desde o princípio ao fim é o fio exímio que traz a leitura

da casa em pé. Do excesso das suas entranhas, sai

"segundo as redacções de Deus (o mais) extremo exercício de beleza".

 

O seu corpo ergue-se enxuto, mesmo quando as rugas

potenciam a duração do tempo.

Elas são a fonte essencial da vida a reforçar a dádiva

que recebeu de Deus para manter o fogo aceso:

― o fogo da comunhão da casa.

 

Se alguém te perguntar porque resistes ao tempo

e a todas as maldições que o tempo impõe

― e que muitos atribuem ao sono eterno de Deus ―

dirás, apertando a tua mão na minha mão, e unindo

a tua saliva à minha, que a culpa é da comunhão

solene da nossas línguas unidas numa só língua.

____________

in "A Alquimia do Verbo em dois ciclos para um poema" de Alvaro Giesta

intertexto com Herberto Helder

[i] [i] [com passagens de Herberto Helder em A Faca não Corta o Fogo]

  • Autor: Alvaro Giesta (Seudónimo) (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de noviembre de 2020 a las 20:35
  • Categoría: Sin clasificar
  • Lecturas: 19
  • Usuarios favoritos de este poema: Vogelfrei
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Comentarios +

Comentarios1

  • Vogelfrei

    De los excesos de tus entrañas sale


    muy buen trabajo querido amigo



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