Vem uma baforada de estio sobre o rosto [i]
I.
Era tão clarividente a aurora
mal se abria uma porta no ‘ar exaltado da manhã’.
Os alvéolos do corpo acordavam sonolentos
como se do fundo do abismo saíssem. Assim te quis,
assim te possuí sem nunca te ter. Sem manhãs sinuosas
ou navalhas que preenchessem os incomunicáveis
espaços e vazios entre nós. “A lua unia a cúspide das artérias”
― espaços preenchidos com as linhas ténues e frágeis
do sonho ― às ventosas mais poderosas que colavam
a noite, aos abismos mais profundos da alma.
Acordava a lua nova no poder da renovação
em todos os flancos do corpo ― nas crateras da noite
os desejos libidinosos abarcavam os sonhos e o tempo.
A fome de possuir flutuava no corpo como labaredas
impetuosas ― línguas de fogo a mergulhar
como magma ardente na consumação do acto.
Antes era o medo ― o medo da besta feroz do tempo,
pior que a víbora que se esconde venenosa à espera
da inocente vítima. Depois a força do medo verga-se
à teimosia do corpo que cria o veneno branco da paz.
[i] [com passagens de Herberto Helder em Cobra]
- Autor: Alvaro Giesta (Seudónimo) ( Offline)
- Publicado: 12 de noviembre de 2020 a las 17:49
- Categoría: Sin clasificar
- Lecturas: 25
- Usuarios favoritos de este poema: Vogelfrei
Comentarios1
despertaba la luna nueva al poder de la renovación en todos los flancos del cuerpo
hermoso trabajo que realizas querido amigo te felicito enormemente
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